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O Brasil e os desafios dos desastres naturais em 2023

As recentes catástrofes naturais enfrentadas pelo Brasil em 2023 revelam a urgência de se adaptar e enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Com ondas gigantes engolindo a orla do Rio, vendavais deixando parte de São Paulo às escuras, tempestades de areia em Manaus e enchentes destruindo ruas no Rio Grande do Sul, o país se vê cada vez mais vulnerável a eventos climáticos extremos.

Aumento dos desastres naturais e falta de preparo

De acordo com dados do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, até o início de novembro, 1.958 cidades, ou seja, 1 em cada 3 municípios do Brasil, entraram em situação de emergência. Em comparação com 2013, houve um aumento significativo no reconhecimento de desastres naturais como "situação de emergência" pelo governo. Enquanto em 2013 foram registrados 23%, em 2023 esse número chegou a 53%.

Apesar das previsões e dos alertas da comunidade científica, o Brasil não se adaptou de forma adequada para enfrentar a crise do clima. O orçamento destinado à gestão de riscos e desastres em 2023 foi o menor em 14 anos, relegando a prevenção a segundo plano. Além disso, o país ainda não possui um plano nacional de prevenção e gestão de risco de desastres, deixando estados e municípios sem um direcionamento adequado.

O despreparo de São Paulo e suas consequências

Em São Paulo, o despreparo para enfrentar eventos climáticos extremos resultou em graves consequências. Um ciclone que passou pela região Sudeste e estacionou na costa do Rio de Janeiro gerou ondas de mais de três metros que causaram destruição nas praias e levaram à morte de um adolescente. No mesmo fim de semana, o ciclone causou falta de energia elétrica em São Paulo, deixando mais de 2 milhões de pessoas no escuro e resultando na morte de sete pessoas.

Os pesquisadores alertavam desde o início do ano que os efeitos do El Niño seriam mais intensos, porém, as ações preventivas necessárias não foram realizadas. Medidas como a avaliação de árvores, mapeamento de áreas de risco e desobstrução de canais fluviais foram negligenciadas, agravando os efeitos dos desastres.

A falta de preparo em Porto Alegre e a necessidade de um planejamento adequado

A cidade de Porto Alegre também foi afetada por desastres naturais, como chuvas fortes e ciclones. Um pescador aposentado relata sua experiência de deixar sua casa às margens do rio Jacuí pelas enchentes. A falta de comunicação e medidas preventivas adequadas resultou em graves consequências para a comunidade da ilha da Pintada, que ficou desabrigada e sem assistência imediata.

Preparar-se para eventos climáticos extremos envolve mais do que apenas o monitoramento de chuvas e níveis de rios. É necessário pensar em rotas de fuga, condições de evacuação, comunicação clara de riscos e desenvolvimento de ações preventivas. No entanto, menos de 10% das cidades brasileiras possuem planos de obras e serviços para redução de risco de desastres e apenas 2% têm leis específicas para a prevenção de enchentes.

Os desafios das mudanças climáticas e o futuro do Brasil

O Brasil está se aproximando do limite máximo estabelecido pela comunidade científica para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Com o aquecimento global, cada elevação decimal na temperatura repercute de forma não linear na frequência e intensidade dos fenômenos climáticos. O El Niño, que ainda não atingiu seu ápice, agravará a situação nos próximos meses.

O país enfrenta temperaturas recordes, ondas de calor intensas e prognósticos alarmantes para o próximo verão. O Brasil precisa enfrentar a emergência climática com ações preventivas, adaptações urbanas e investimento adequado na gestão de riscos e desastres. Caso contrário, estaremos sujeitos a eventos cada vez mais extremos, representando uma ameaça para a população e para o futuro do país.

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