Os juros futuros fecham em alta em meio a fatores internos e externos
No dia de hoje, os juros futuros fecharam a sessão em alta, dando continuidade ao movimento de realização de lucros que havia sido iniciado no dia anterior. Fatores internos impactaram os negócios durante a primeira parte do dia, e à tarde a piora do ambiente externo ampliou o avanço das taxas.
Fatores internos pressionam as taxas
Até o meio da tarde, o noticiário local foi o principal determinante na condução da curva de juros. Mais Estados decidiram aumentar a alíquota do ICMS para garantir uma maior receita através do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o que não apenas pressionou as taxas de juros futuros como também as taxas de inflação implícita das NTN-B no mercado secundário.
Essa medida traz mais incerteza quanto ao quadro inflacionário, segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano. Inicialmente, o impacto era menor, uma vez que se restringia a Estados do Nordeste, porém agora outros Estados também estão aderindo à medida.
Após o Rio Grande do Sul propor o aumento da alíquota de 17% para 19,5%, outros cinco Estados das regiões Sul e Sudeste seguiram o mesmo caminho. Além disso, os Estados do Centro-Oeste também devem aderir à medida, de acordo com uma carta assinada pelos secretários da Fazenda de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Impacto do cenário externo
A partir do meio da tarde, as taxas locais atingiram máximas devido ao fortalecimento do dólar e à consolidação dos rendimentos dos Treasuries de longo prazo nos Estados Unidos, que também estavam em alta. O leilão de títulos atrelados à inflação (Tips) de 10 anos realizado pelo Tesouro dos EUA teve demanda abaixo da média, o que contribuiu para o movimento de alta das taxas. Além disso, a leitura da ata do Federal Reserve (Fed), banco central americano, foi considerada levemente hawkish.
No documento, os dirigentes do Fed reforçaram a necessidade de manter a política monetária restritiva por algum tempo e salientaram que é necessário haver mais provas de que a inflação esteja caindo para 2%, indicando que um alívio ainda deve demorar.
Perspectivas para a taxa de juros
De acordo com o economista-chefe da Traad, Leonardo Cappa, a ata do Fed deixa claro que um ciclo de corte de juros não está previsto a curto prazo e que a precificação da curva de juros futuros, que mostra 59% de chances de queda em maio, é otimista.
Para o Fed indicar quando vai começar a cortar os juros, é necessário que os núcleos de inflação estejam abaixo de 3%. Atualmente, o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) está em 4% em 12 meses, conforme dados de outubro. Portanto, Cappa acredita que ainda há espaço para uma correção na curva de juros futuros.
Eventos em Brasília e adiamento de votação
Além dos fatores internos e externos que influenciaram os juros futuros, eventos em Brasília também foram monitorados pelos investidores. A reunião entre o presidente Lula e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, gerou ruídos de pressão para a saída de Prates. No entanto, no fim da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o encontro tratou apenas do cronograma de investimentos da empresa.
Outro evento acompanhado foi a votação do projeto de lei de taxação das offshores e dos fundos exclusivos, que foi adiada para amanhã na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após um pedido de vista.
Conclusão
Os juros futuros tiveram um dia de alta, impulsionados por fatores internos e externos. A incerteza em relação ao quadro inflacionário causada pelos aumentos de alíquota do ICMS pelos Estados brasileiros contribuiu para a pressão nas taxas de juros futuros. No cenário externo, o fortalecimento do dólar e a mensagem da ata do Fed, que reforçou a necessidade de manter a política monetária restritiva por mais tempo, fizeram com que as taxas aumentassem ainda mais.
O mercado ainda precifica uma queda dos juros futuros em maio, porém os níveis atuais de inflação sugerem que ainda há espaço para uma correção na precificação da curva. Eventos em Brasília, como a reunião entre o presidente Lula e o presidente da Petrobras, e a votação adiada do projeto de taxação das offshores e dos fundos exclusivos também foram acompanhados pelo mercado.
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